CITAÇÕES:
''Não sabes aonde vou, eu não sei aonde
vais,
Tu que eu teria amado — e o sabias demais!''
Tu que eu teria amado — e o sabias demais!''
''Só te verei um
dia, e já na eternidade?''
(Tradução
de Jamil Haddad)
RESENHA:
O
soneto ''A uma passante'' revela o arrependimento do personagem narrador de não
ter relacionado-se com a mulher a que avistou na rua, à noite. Enquanto estava
em estado ébrio, seus sentimentos para com a mulher floresceram à primeira
vista, causando-o profundo fascínio.
Na primeira estrofe, o narrador descreve a rua em que estava
presente, citando um ''ruído incomum'', referindo-se ao fato desta estar
movimentada; e o ''luto'', revelando-nos o período noturno do dia. De repente,
pôs à vista, entre tantas pessoas, a uma mulher provida de luxúria, que o fez
encantar-se ao vê-la se aproximar.
Na segunda estrofe, Baudelaire confessa seu estado de embriaguez e descreve os atributos da mulher os quais o fizeram apaixonar-se por ela. Revela, então, uma mulher tentadora, capaz de seduzir qualquer homem com seu olhar provocante, causando um estímulo incontrolável.
Na segunda estrofe, Baudelaire confessa seu estado de embriaguez e descreve os atributos da mulher os quais o fizeram apaixonar-se por ela. Revela, então, uma mulher tentadora, capaz de seduzir qualquer homem com seu olhar provocante, causando um estímulo incontrolável.
Na terceira estrofe, mais uma vez o olhar da mulher é citado
como um fator essencial para que estimulasse os desejos do homem, fazendo-o
refletir sobre seu sentimento. ''Só te verei um dia, e já na eternidade?'', com
essa pergunta, Baudelaire, evidencia a paixão pelo qual o narrador foi tomado,
levando-o a mudar repentinamente seu estado emocional, de um indivíduo sob
efeitos alcoólicos, para um homem seduzido pela presença de uma dama.
Já na quarta e última estrofe, é nítido o abatimento do narrador
ao citar seu arrependimento por não ter se envolvido com a mulher. Além de o
fato de que ela percebera as intenções do homem para consigo, e esta não ter
agido respondendo seus anseios, o fizeram magoar-se, levando a crer que nunca
mais encontraria aquela que teria sido o amor de sua vida.
CURIOSIDADES:
·
As rimas finais das frases do soneto variam de estrofe para
estrofe:
A primeira e segunda estrofes apresentam rimas interpoladas (ABBA) e (CDDC); a
terceira estrofe (terceto) apresenta rimas cruzadas (EFE); e a quarta estrofe
(terceto) apresenta rima livre (FGG).
·
Há diferentes traduções de ''A uma passante'', em consequência,
algumas versões apresentam um vocabulário mais rebuscado, o que dificulta a
interpretação, mas que se aproxima do original. Três das traduções mais
conhecidas foram realizadas por Jamil Almansur Haddad, Ivan Junqueira e
Guilherme de Almeida, sendo que os dois primeiros traduziram ''As flores do
mal'' em sua totalidade.
OPINIÃO:
Apesar
de o conjunto de poemas denominado de ''As flores do mal'' mostrar-nos muitas
temáticas de repugnância e de ofensa à moral, o soneto ''A uma passante'' foge
dessas características ao mostrar o desenvolvimento do sentimento de um
personagem, através de uma simples troca de olhares. O certo romantismo que nos
é transmitido nos faz refletir sobre escolhas que podemos ou não tomar em
determinadas circunstâncias, bem como a frase que finaliza espetacularmente o
soneto: ''Não sabes aonde vou, eu não sei aonde vais, tu que eu teria amado — e
o sabias demais!''.
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